Divididos
em cinco partes, os 25 textos que compõem este primeiro livro em português de
Miquel Bassols i Puig partem do real da psicanálise e a ele retornam de
diferentes maneiras. Afeiçoados por uma prosa segura, serena e, quando preciso,
irônica, eles buscam delimitar, entre os mundos simbólicos da ciência e da
arte, a singularidades da descoberta do inconsciente por Sigmund Freud, à luz
das ressonâncias causadas pelo ensino de Jacques Lacan. Como se aprende ao
lê-los, a despeito das recorrentes e infrutíferas tentativas hoje empregadas no
afã de localizar o Eu e a consciência em genes ou neurônios, sabe-se lá se no
intuito de salvaguardá-los dos efeitos do inconsciente, o real da psicanálise
surge quando se perturbam os campos da linguagem e da sexualidade.
Com efeito,
em vez de corresponder a uma forma de experimento científico ou mesmo a uma
arte clínica insuflada pelas palavras, a psicanálise é, a um tempo, uma prática
e um discurso que lidam com sujeitos em sua fala e no gozo de seu corpo.
Sujeitos, portanto, tomados um a um, em
face das implicações decorrentes de serem precedidos pelo desejo do Outro. Pois
bem, na lida com que se transferem tais implicações, deposita-se passo a passo
— e este é o porto para o qual conflui a
argumentação do autor —o que não cessa
de não se escrever, ausência em torno
da qual, não muitas vezes, é claro, consegue-se aceder ao silêncio próprio e
consequente à vida come ela é.
No mesmo
hiato de bordas divergentes, porém conjugadas pelo verbo, como as orelhas de um
livro, que por inteiro não se deixam ficar nem dentro, nem fora dele,
encontra-se aqui (pausa, para não refletir) o convite a que você, leitor,
acompanhe o itinerário psicanalítico traçado nas páginas que se seguem.
Contra Capa,
2015
Coleção Opção
Lacaniana
Direção:
Jacques-Alain Miller
Assistência
Executiva: Angelina Harari
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